Quem cola não sai da escola

Bem todos sabem que sou professor, porém durante muitos e muitos, mais muitos anos fui um aluno (sim, estou velho). Neste tempo eu não tinha barriga (até parece), e ficava muito incomodado com os meus colegas de classe que colavam, afinal a escola não é tão difícil assim, dá até para jogar rpg nos finais de semana e video game todo dia. Hum, namorada nem pensar, eu era tão tímido que eu ficava vermelho quando uma menina vinha falar comigo, se fosse bonita eu tinha um ataque cardíaco se eu gostasse dela eu entrava em combustão instantânea. Fora isto uma juventude normal, e nunca foi preciso colar para fazer nada, tudo bem nem sempre eu tinha ótimas notas mas eu me virava.

Três coisas eram vitais ao meu sucesso: deveres de casa, um pouco de estudo todo dia e um monte antes da prova. Deveres de casa são fundamentais, eles mostram ao aluno o que os professores consideram importante na matéria, muitos exercícios repetidos sobre o mesmo assunto indicam o que o professor vai dar na prova. Um pouco de estudo por dia, mas bem pouco mesmo como por exemplo ler o que o seu professor passou no quadro e você anotou no seu caderno é o suficiente, normalmente isto basta para fixar as principais ideias. Sei que algumas pessoas exageram, na faculdade eu tinha uma colega que parecia psicografar o que o professor falava tudo absolutamente tudo estava no caderno dela. E por ultimo estude na muito véspera da prova, não deixe nada passar lembre-se tudo é importante.

Em dez longos anos eu tenho percebido a relutância dos alunos em estudar, para tal muitos deles desenvolveram métodos curiosos de cola uns melhores do que outros. Por maior que seja a quantidade de colas que existam, todas elas se dividem em dois tipos: lembrete e o psiu.

Os lembretes são papeis (muitos papeis mesmo), inscrições pelo corpo, carteiras, paredes, quadro e aproveitando as novas tecnologias celulares e aparelhos de mídia. Este tipo de cola é razoavelmente fácil de ser controlada, e o motivo é simples, o aluno precisa esconder a cola do professor, por isto ele acaba por ter um comportamento suspeito, normalmente ficando numa posição antinatural. O mais comum é o aluno sentar sobre a própria mão ou fazer a prova com ela fechada, mas existem ainda aqueles que ficam olhando insistentemente para o professor.

O psiu é quando um aluno tenta colar de outro, este é uma forma mais difícil de ser feita já que o psiu deve ser feito num tom alto o suficiente para o outro aluno, digo cúmplice, escute e baixo o suficiente para que o professor não ouça. Uma boa artimanha é faze-lo enquanto um colega distrai o professor. Contudo este tipo de cola é facilmente neutralizado com o uso de provas diferentes, quanto maior a habilidade dos alunos em colar maior o número de provas.

Não vou ser tão chauvinista a ponto de dizer que nunca colei. Ouve uma vez que durante uma prova de zoologia de invertebrados eu já começava a pensa em como estudar para a prova final e recuperar a nota que eu com toda a certeza eu tinha acabado de perder, eu olhava para as questões como quem olha algum tipo de código militar especialmente desenvolvido para ser indecifrável por mim, poucos centímetros abaixo de minha cadeira estava o meu livro de zoologia com todas as respostas que eu poderia querer, mas inútil. Foi então que um milagre aconteceu e meu professor dormiu sobre a mesa dele, foi então que eu puxei o meu livro e o abri sobre a minha mesa, meus colegas olharam para mim chocados e eu disse "ele esta dormindo" e todos abriram seus livros. Não me orgulho do que fiz mas este foi praticamente um sinal divino, irresistível de mais.

Mesmo assim não mudo a minha opinião sobre a cola, ela faz muito mais mal do que bem, já que o aluno que passa devido a cola escolar dificilmente volta a traz para rever o conteúdo que ele não sabe, o que acaba transformando a cola numa bola de neve já que ele não aprendeu esta matéria e por isto vai ter dificuldade para aprender aproxima.